quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Editorial - Estamos na torcida. Mais uma vez.

Estarrecidos assistimos ao cenário de catástrofe que se formou em Santa Catarina. São 80 municípios isolados de tudo e que juntos, somam quase 60 mil desabrigados em todo o estado que passaram de uma hora para outra a morar em igrejas, escolas, abrigos improvisados. Os dias de chuva ininterrupta transformaram a vida de homens, mulheres e crianças. Moradores que perderam tudo que tinham. Muitos escaparam da morte por pouco. Outros não tiveram a mesma sorte. 84 pessoas já morreram em conseqüência das enchentes. Os alagamentos, as inundações e encostas que desmoronaram vão deixar marcas profundas na memória dos catarinenses. Tão profundas como as deixadas pelas enchentes da década de 80. Em julho de 1983, as chuvas provocaram um saldo de 198 mil desabrigados e 49 mortos em 90 municípios do Estado. No ano seguinte, outras 155 mil pessoas também perderam suas casas em conseqüência das inundações. Em 1987, o fenômeno climático El Niño provocou enchentes de intensidade moderada em muitos municípios, deixando quase 8 mil desabrigados e 7 mortos. Por toda década de 90 e inicio do ano 2000, os catarinenses também sofreram com as cheias, perderam seus bens, choraram a morte de pessoas queridas. As tragédias climáticas do passado nos sensibilizaram e nos fizeram torcer pelo recomeço do povo catarinense. Desta vez não será diferente. Em meio ao sofrimento e as desolações uma corrente de solidariedade já se montou para socorrer os atingidos pela tragédia. A ajuda surge de estados vizinhos como Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná. São roupas, comida, produtos de limpeza e medicamentos. Doações resultado da mobilização popular que surgiu sem campanha, sem nenhum apelo, mas em nome de um sentimento de solidariedade coletivo, espontâneo. Para a situação em Santa Catarina não há culpados. A natureza se comportou de forma inesperada. Em apenas três dias, dizem os geólogos, choveu o equivalente a quatro meses. A terra de morros e encostas não suportou tanta água. O solo cedeu por gravidade. Se impotentes estamos diante dos fenômenos naturais, nos resta torcer e rezar pelo povo catarinense, sobretudo por aqueles que perderam o irrecuperável. E mais: tomara que a ação dos governantes seja tão rápida e eficiente quanto o sentimento de solidariedade tão peculiar a nossa gente.

Um comentário:

Cabeças Tabuladas disse...

bem escrito, tem seu estilo

Marly