quinta-feira, 27 de novembro de 2008

A mídia X mídia

A mídia X mídia. Por: Ana Carla Rodrigues. Que gravidez de celebridades sempre foi alvo da impressa, não é novidade para ninguém. O foto de uma artista anunciar ou mesmo esconder uma gravidez e isto torna se fofoca e matéria de capa não é de se estranha. Foi assim com Madona, Xuxa, Britney Spears, Maria Fernanda Candido, Claudia Leite e muitas outras. Com a estrela baiana Ivete Sangalo não poderia ser diferente. Certo? Porém o fato no mínimo curioso aconteceu, embora a gravidez de Ivete tenha sido divulgada em alguns site de fofoca, em revistas do gênero e até em programas de televisão, os dois momentos impares da cantora foi ofuscado pelo seqüestro de Santo André. A mídia falou tanto no caso que esqueceu a grávida da vez. O sensacionalismo encima do cotidiano dos artistas ficou de escanteio. “Coitadinha, quando engravidou perdeu. Ta sofrendo.” A cantora que estava na 6° semana de gravidez sofreu um aborto espontâneo. Uma experiência extremamente angustiosa e traumática. E o que seria um aborto espontâneo? O aborto espontâneo é o final ou a interrupção de uma gravidez antes da vigésima semana de gestação, saber as causas do aborto exatamente muitas vezes é difícil, mas existem algumas explicações que pode nos ajudar. Em alguns casos o feto, não se desenvolve por completo ou desenvolve-se com anomalias, “neste caso no encontro dos cromossomos do ovulo com os do espermatozóide uma formação errada.” Ainda porque o cérvix incapaz ( parte baixa do útero, que da abertura para a passagem do bebê, do útero para a vagina), diabetes sem controle, alterações hormonais, uso excessivo de cigarro, álcool e drogas ilegais podem causar aborto espontâneo. A mídia perdeu uma boa chance de fazer seu sensacionalismo e cumprir o dever básico do jornalismo, informar. Explicar a comunidade o que é um aborto espontâneo, como ele se dar, o porquê ele acontece, a diferença de um aborto espontâneo para um provocado e quem sabe ainda discutir a liberação do aborto pela justiça . Ou ainda dizer que mais ou menos 20% de toda gravidez termina em aborto espontâneo durante as primeiras 16 semanas, e que muitas acontecem dentro da décima semana de gestação, além do que em alguns casos, um atraso da mestruação pode ser o único sintoma de um aborto espontâneo. O questionamento que fica. Será realmente necessário cansar o telespectador, ouvinte e leitor com um mesmo assunto? Será que nós, impressa, não nos apegamos demais a pauta do concorrente? Este clamor por justiça que aconteceu no caso de Santo André assim com no Isabela e tantos outros, nos limita e vicia de tal forma que perdemos a visão jornalística dos fatos e ficamos condenados a reprise de assuntos. Neste caso a globalização da informação será maléfica para a “educação cultural” de jornalistas e opinião pública.

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