quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Editorial - Enchente de Solidariedade

A resposta dos brasileiros à tragédia em Santa Catarina é nobre em alguns aspectos. Um deles diz respeito a capacidade de ser solidário. Uma causa que, infelizmente, ainda não é tão comum como deveria ser. Pessoas incapazes de entender por que não devemos jogar lixo na rua e que não vêem razão em ajudar a alguém necessitado que mora na mesma rua se unem na defesa do meio ambiente e na ajuda às vítimas das enchentes. As doações, independente do valor, revelam um potencial de boa vontade que, as vezes, parece sumido do cotidiano das pessoas. Em momentos como estes cidadãos comuns, com pouco dinheiro, põem a mão no bolso com a generosidade que está ao seu alcance. O esforço para socorrer as vítimas de uma catástrofe natural é uma afirmação do melhor que existe no espírito humano. A devastação das cidades pelas fortes chuvas lembra à humanidade que estamos mais intimamente ligados por forças geológicas invisíveis e imprevisíveis do que por laços comerciais, culturais e políticos. É nas operações de emergência que a história ensina que o mais importante vem depois da catástrofe. É uma pena que o conceito de solidariedade que toma conta de boa parte dos cidadãos em momentos como este não atinja como um raio também os mais ricos e os governos. Uma pena também que esses dois grupos não sejam contaminados com genuína disposição para ajudar os mais pobres. Se depender dos exemplos do passado, a perspectiva é pessimista. Decorrido algum tempo de uma tragédia, os governos costumam aproveitar que a atenção do público se desviou para outro assunto e simplesmente não cumprem o prometido. A primeira condição para o sucesso de uma operação de socorro às vítimas, aquela que precisa do desejo de ajudar da população é mais fácil de dar certo já depende mais da solidariedade. A segunda, que inclui ações governamentais é mais difícil. Mas, não resta dúvida que são nas tragédias humanitárias que se criam oportunidade de fazer o bem.

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