quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Editorial - Reflorestamento já!

As constantes chuvas em Santa Catarina modificaram as paisagens do estado. Os morros que embelezavam as áreas urbanas se transformaram em pilhas de escombros e lama. As ruas alagadas mostram que a natureza revidou a ausência de áreas verdes. Segundo dados da Apremavi, organização não-governamental que defende a preservação e recuperação da Mata Atlântica, o estado mantém os maiores índices de desmatamento no Brasil. Onde tínhamos 85% do território de Santa Catarina coberto pela Mata Atlântica, hoje temos apenas 17,4% dessa área original. Muitos veículos de comunicação citam a tragédia catarinense como um desastre natural. As chuvas são fenômenos naturais, mas os alagamento e deslizamentos em encostas e morros urbanos são conseqüência do crescimento desordenado das cidades e da ocupação de novas áreas de risco, principalmente pela população mais carente. De acordo com dados do Ministério da Defesa Civil mais de 22.952 pessoas estão desabrigadas e outros 31.087 desalojados. Brasileiros tentam socorrer o estado que já tem 12 municípios que decretaram calamidade pública. Viva o povo brasileiro, como diz o título de uma das obras do escritor João Ubaldo Ribeiro. Mais de R$ 1,2 milhão foram depositados nas contas abertas por bancos em nome do Fundo Estadual da Defesa Civil, de Santa Catarina. Será que depois que a poeira baixar alguém vai lembrar que precisa reflorestar para que o povo não seja novamente castigado com os alagamentos e deslizamentos de terras? Vai ser necessário lembrar para garantir a sobrevivência. Até esta quinta-feira (27), 97 vidas foram levadas pelas enxurradas e desabamentos. A sociedade brasileira se mobiliza para ajudar um estado que substituiu as belezas de Santa Catarina pelas lágrimas dos habitantes dos municípios que não sabem como será o amanhã. Nesse momento a impotência da distância, ou até rivalidade é transformada em solidariedade pelo povo brasileiro.

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