terça-feira, 25 de novembro de 2008

Mulher tem força no sindicalismo feirense

Configurada inicialmente como uma instituição voltada para o interesse de fazendeiros e políticos da região, o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Feira de Santana (STRFS) tem desempenhado um trabalho em conjunto com as trabalhadoras rurais da cidade, no sentido de ampliar as discussões sobre as práticas e estratégias de luta e mobilização das mulheres inseridas na vida sindical e nos movimentos sociais do campo.

Por compreender uma região caracterizada por uma economia voltada essencialmente para o comércio e para a agricultura, devido à sua localização nacional, viu-se em Feira de Santana, em 1971, a necessidade de criar espaços de organização e expressão da sociedade civil, como o STRFS, uma vez que o país vivia um regime ditatorial. Segundo Telma Regina de Oliveira, especialista em Teoria da História, “as trabalhadoras rurais foram intervindo na dinâmica do sindicato, através das lutas contra a exploração do trabalho e a excessiva autoridade dos proprietários de terra, então dirigentes.”

De acordo com a especialista, as trabalhadoras rurais possuíam o direito de se filiar ao sindicato somente por intermédio de seus pais, no caso das solteiras, ou através de seus companheiros, no caso das casadas. O movimento de mulheres então, começa a se articular em prol da sindicalização da mulher trabalhadora rural de forma independente, o que não era permitido, além de diversas outras ações, a exemplo da busca pelo direito à Previdência Social.

A partir de então, as mulheres intensificaram sua atuação no sindicato, criando a Comissão de Mulheres, o que depois deu origem ao Movimento de Mulheres Trabalhadoras Rurais da região, e outros departamentos que vieram suprir as diferentes demandas que surgiam. Hoje, o sindicato se encontra em plena expansão. Segundo, Conceição Borges Ferreira, presidente do STRFS, a participação da mulher aumenta a cada ano. “Mais de 75% dos 12 mil filiados são mulheres”.

De acordo com a historiadora Maria Odila Dias, os estudos feministas foram e são fundamentais no processo de crítica e reelaboração de métodos das Ciências Humanas como um todo. propondo novos olhares e abordagens sobre as fontes, assim como contribuindo para a desconstrução de categorias generalizantes e universalizantes em favor da compreensão das dimensões da experiência concreta vivida por estes sujeitos. O cotidiano destes sujeitos até então marginalizados dos estudos históricos, segundo Maria Odila, revelaria a experiência destes homens e mulheres e suas estratégias de sobrevivência.

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