terça-feira, 25 de novembro de 2008

Pequenos malabaristas se arriscam nas sinaleiras

Por: Ladislau do Vale
Apesar da sociedade afirmar que “lugar de criança é na escola”, ainda é fácil encontrar crianças e adolescentes nas ruas de Feira de Santana. Algumas delas deixam a sala de aula para trabalhar, porque querem ajudar nas despesas domésticas, outras são obrigadas a cumprir a ordem dada pelos pais. Com a criatividade de uma criança e coragem de um adulto, elas se arriscam através de rápidas apresentações nas sinaleiras da cidade. O trabalho do menor de rua nasce da falta de políticas que sejam realmente implementadas e que garantam os direitos da criança e do adolescente. Esta situação de descaso infanto-juvenil faz com que crianças e adolescentes acabem procurando meios ilícitos para sobreviverem. Sem ter condições de se alimentar, esses pequenos malabaristas que se arriscam nas sinaleiras de Feira de Santana saem pedindo pelas ruas da cidade. Algumas crianças e adolescentes que trabalham nas ruas estão matriculados em alguma escola, mas a obrigação de levar o sustento da família para casa no final do dia é mais forte. De acordo com Mariluze Souza do Conselho Tutelar de Feira de Santana, essas são experiencias que conduzem crianças e adolescentes para uma delinqüência maior. “Em alguns casos os pais não aceitam e quando determina a estas crianças que vá para a escola aprender uma profissão, não gostam, e a sua rebeldia aumenta cada vez mais”, conta. Para a secretária do Conselho Tutelar, as crianças precisam ser orientadas pela família para que aprendam a se comportar. “Sem dúvida, a participação da família é de fundamental importância neste processo de orientação. O processo educacional vem de família e até mesmo alguns direcionamentos de como se comportar e viver com os seus próprios esforços, explica Mariluze”. Mariluze diz que a inferioridade que essas crianças trazem vem, impregnada de preguiça e maus pensamentos. “Quando deparamos com crianças e adolescentes trabalhando realizamos sindicância, buscamos convencer os familiares que lugar de criança é na escola. A partir daí o encaminhamos estas família para receber a bolsa família, realizamos visitas domiciliares para ver se a criança está sendo bem cuidada e se está freqüentando a escola. Mas em alguns casos, quando não obtemos o objetivo encaminhamos o problema para o Ministério Público que se pronuncia e o Juizado acata as determinações. Não temos poder de punir e sim de orientar e ajudar naquilo que for necessário para o convívio da criança em família “, afirma Mariluze. Para o comerciante X, que possui uma loja no centro de Feira de Santana e oreferiu não se identificar, essas crianças são um problema para a sociedade porque, quando os os veículos param nas sinaleiras de Feira, praticam todo tipo de lance, de maldade e de crueldade. Enquanto que os agenciadores destas crianças permanecem assistindo a tudo e horas depois estas crianças se deslocam e lhe entregam o dinheiro arrecadado nos semáforos ou nas portas da igrejas, bancos e outros. Não posso denunciar porque minha esposa, meus filhos trabalham no meu comércio e na maioria das vezes eles sabem onde moramos, que hora chegamos para abrir o comércio e que horas fechamos, diz o comerciante. Mariluze Souza pergunta porque será que a policia militar com o sistema de monitoramento de câmeras que vigiam o centro comercial de Feira não vê que são crianças agenciadas por adultos que querem ganhar dinheiro. Para a empresária e ex-diretora do Palácio do Menor, Girlene Barros, estas famílias além de receberem o bolsa família têm uma redução do pagamento de energia elétrica e água. “Este foi mais um beneficio concedido as famílias carentes para que tenham uma melhor qualidade de vida em sociedade. Mas é difícil se retirar das ruas uma criança que já está acostumada a ganhar dinheiro com facilidade, só com o tempo que elas vão se adaptar ao programa através do acompanhamento de nossas equipes.

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