terça-feira, 25 de novembro de 2008

Um jornalismo desvairado por furos

O que é mais importante: dar furo com a notícia incompleta ou aguardar as informações necessárias para poder divulgar o fato? A Globo noticiou em seu portal de notícias G1, por Alícia Uchôa, do RJ, uma suposta agressão provocada pelo ator Dado Dolabella contra a camareira da sua namorada, que também é envolvida no caso, a atriz Luana Piovani. Ao longo da matéria, todo o fato transcorreu de acordo com o depoimento da camareira, Esmeralda de Souza, 62 - de que foi apartar uma briga do casal e acabou sendo lesada - e a declaração do delegado a respeito do que por ela foi registrado. Mas... e quanto ao acusado? Tão importante quanto à versão da vítima da agressão, é a declaração do agressor. Mas o parecer dado pelo veículo no final da matéria foi que “Dado Dolabella não foi encontrado por nossa equipe”. Ou seja: Nossa equipe não encontrou Dado Dolabela. A responsabilidade de encontrar alguém não é da fonte, e sim do veículo! Será que Dado Dolabella saiu do país a ponto de ficar incomunicável? Ou ele não apareceu mesmo no tempo que o veículo precisava pra divulgar a notícia. E que tempo foi esse?

Utilizar-se da credibilidade do veículo nem sempre é a melhor maneira de transmitir notícias a qualquer modo. Como é de base para a produção de toda matéria, deve-se seguir sempre os critérios de noticiabilidade, respeitando tanto os envolvidos no fato quanto o seu público leitor, uma vez que está utilizando um espaço de utilidade pública e não de manipulação ou outro fim que não converge com os princípio e responsabilidades que o jornalismo deve ter diante da sociedade.

O mais importante, nesse caso, é que se faça o esforço suficiente para que se cumpra o papel jornalístico de acordo com a ética. É importante que fique claro que é dever do jornalista checar informações, apurar antes de publicar, ouvir as partes, contrapor versões, informar acima de tudo de maneira criteriosa. E esse dever se fortalece ainda mais quando há a presença de um público carente de educação e senso crítico, crentes cada vez mais no que a mídia fornece. Do contrário, o vilão pela educação do nosso país muda de nome, de profissão e de salário (bem menor por sinal).

 

Fabio Soares é estudante do 7º semestre.

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