domingo, 7 de dezembro de 2008

ARTIGO: A greve da Polícia e a violência

Os policiais civis do estado de São Paulo entraram em greve pedindo reajuste salarial. Por orientação do sindicato, durante o movimento, os policiais só deverão registrar casos de flagrantes, captura de procurados e homicídios. Faz muito tempo que essa instituição estatal anda descontente com o Governo. Será que o governador de São Paulo queria que eles estivessem satisfeitos? Para se combater a violência, em primeiro lugar, antes de qualquer projeto, é preciso pagar bem aos policiais, depois, sim, deve - se estudar o caminho a se tomar. Os policiais se arriscam de todas as formas a combater o crime ganhando tão pouco e mal preparados , quando dá certo não fez mais do que a obrigação, quando dá errado há cadeia e escrache público. As polícias paulistas, militar e civil, recebem o pior salário do Brasil, sendo São Paulo o estado mais rico da federação. Hoje, os melhores quadros da polícia vão embora para outras carreiras jurídicas ou policiais de outros estados, os que ficam vivem em padarias, farmácias, fábricas, bancos, sala de aula e outros, vivendo de bicos. Portanto a greve é legal, reconhecida até pelo Supremo Tribunal Federal. É a única forma, de baixo para cima, fazer o governo ver a situação deplorável a que chegou a polícia de São Paulo. Os homens do governo, os políticos em geral, falam tanto em melhorar a segurança no País, melhorar a educação, a saúde, em combater a corrupção, mas não investem em melhores salários para esses funcionários. Quanto ganha um Investigador de Polícia ou um Soldado da PM em São Paulo? Será que não iria diminuir a corrupção na polícia se os policiais ganhassem melhor? Perguntas, dúvidas, perplexidade ou apressadas certezas é o que não faltam quando se envolvem policias na esfera moral em que se movimenta. É uma pena assistir em rede nacional de televisão, a um espetáculo deprimente entre duas polícias estaduais. Foram quinze minutos de tensão com bombas de gás lacrimogêneo, efeito moral e disparos de balas de borracha. Nenhuma das duas é culpada pelos acontecimentos em si, os grandes culpados ainda tentam se sair de bons moços culpando terceiros, infelizmente é o que acontece quando os gestores da Segurança Pública nos estados são inconseqüentes, autoritários e além de tudo insensíveis, fazendo-nos até relembrar os anos sofridos da Ditadura Militar onde a força grotesca e violenta dominava a negociação. Instalou assim o caos urbano polícia x polícia, uma cena que jamais imaginei acontecer, acredito que nem aqueles mais pessimistas pensaram que poderia ver um cenário lamentável desse. O confronto deixou pelo menos 32 pessoas feridas. Os hospitais Albert Einstein e São Luís receberam a maioria das vítimas. Dezenove pessoas foram atendias no Einstein, sendo 13 policiais e seis pessoas que passavam pela região e ficaram feridas. No São Luís, foram atendidos seis feridos, todos policiais civis. Outros cinco policiais civis foram levados ao Hospital Itacolomy, na região do Butantã, e dois feridos foram encaminhados ao Hospital Universitário da USP. Olhando a maneira truculenta como os policiais foram tratados cabem algumas perguntas: Por que tanta violência contra eles se estão lutando por melhores condições de trabalho e remuneração digna? Pois vivem em situação de abandono, de penúria; não há equipamentos, viaturas, coletes à prova de balas, armamento, enfim, eles reivindicam o básico para estar em condições de atender á população. Será que hoje uma categoria não é mais aceito manifestar-se numa greve? A música do Grupo Sepultura diz sabiamente: Polícia para quem precisa de polícia. A greve continua e já dura quase dois meses. Os policiais não aceitam a proposta do governo. Um projeto que autoriza o aumento dos salários da Polícia Civil já está na Assembléia Legislativa de São Paulo. O governo anunciou que vai pedir regime de urgência na análise do projeto. Mesmo assim, pode levar até 45 dias. Os efeitos da greve já são sentidos por muitos cidadãos, na emissão da segunda via de documentos como RG e Carteira de Habilitação nos postos do Poupatempo da capital paulista. Muitas pessoas vítimas de furtos e roubos vêm abrindo mão da isenção da taxa, garantida por lei, ou tiram novo documento sem invalidar os antigos por não conseguir registrar boletim de ocorrência. Agora só depende do governo, que tem de atender minimamente às demandas dos trabalhadores para que a situação seja resolvida o mais rápido possível e que a população paulista tenha a segurança de que está com uma polícia melhor equipada e remunerada para atender as suas necessidades.

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